O que te fez escolher ser Designer?
O gosto e interesse em produzir objetos surgiram desde cedo e de forma inconsciente, com a exploração de tudo o que me circundava, desde os materiais, maioritariamente de origem natural como casca de Pinheiro, às ferramentas artesanais que coabitavam lá em casa. O interesse efetivo em me tornar designer, surge no término do secundário onde me apercebo que poderia desenvolver e fazer objetos pertinentes, de uso diário para as pessoas, onde aliava dois grandes interesses pessoais, o desenho/criatividade e a materialização das ideias em objetos. E assim que entrei na universidade para me especializar na área, senti que estava no sítio certo e que era isso que queria fazer profissionalmente. Mas ser designer não se circunscreve à área profissional, é para mim uma forma de estar e viver a vida.
Qual é a tua inspiração?
O que mais me inspira é o contexto, é a pesquisa sobre esse mesmo contexto e este pode ser a história da empresa, uma técnica especifica, uma projeção futura, as pessoas entre outras coisas. A inspiração pode vir de qualquer lado, muda de acordo com o projeto, objetivo e propósito. O que apenas se mantem como transversal é o processo criativo para se alcançar as ideias, o seu desenvolvimento e a materialização.
Como descreves a tua abordagem no Design?
Do ponto vista pessoal, a minha abordagem ao design processa-se sempre de duas formas, combinar harmoniosamente a pesquisa, cada vez mais cientifica, com a materialização/produção de objetos dentro dos seus contextos. Interesso-me muito e cada vez mais pela investigação e acredito que esta pode dar um enorme contributo ao design e abrir novos campos de ação, para as empresas, pessoas e planeta. Considero que a minha abordagem é ligar ou interligar pontos ainda não conectados de forma criativa e desenvolver propósitos fortes, indo para além da forma, função e estética.
Qual é o teu processo criativo quando crias uma peça?
De forma bastante resumida, sigo um padrão mais ou menos estabelecido, que se inicia com a contextualização, depois a definição das ideias, redefinição/refinamento das mesmas, de seguida a implementação até á entrega. Na contextualização, aposto na investigação, na definição combino elementos físicos e digitais para a exposição das ideias, na redefinição são identificadas e expostas as ideias mais fortes e com maior viabilidade, na implementação são testados os MVP’s e refinados detalhes técnicos e na entrega há a avaliação do próprio projeto sob diferentes perspetivas: resultado e recetividade, entre outros. É um processo circular, semiaberto e assente no design e investigação. Acredito que este permite a constante renovação, reinvenção e sistematização do processo I&D assim como o alcance de inovações e projetos relevantes.
Como Designer, qual consideras ser a tua maior skill?
A procura constante por conhecimento nos mais diversos universos, materializando-o em ideias e produtos. O gosto e afinidade com o mundo dos negócios, inovação e estratégia.
Qual é, para ti, o futuro do Design?
O design está desde sempre na busca da sua identidade, acredito que por ai continuará, não só porque os avanços tecnológicos são e serão muitos, como por exemplo a integração da AI na criação e conceção de produtos, como pelas novas premissas e desafios que lhes estão a ser colocados, nomeadamente: a questão da sustentabilidade, com a integração de novos stakeholders no ato da criação tal como o planeta, a questão do impacto do design, onde se equaciona e contabilizam todos os gastos á volta de uma peça, inclusive a reposição integral da matéria necessária e gasta na sua execução, entre outros. Acredito que o design é mais que simples matéria e que este pode vir a dar um forte contributo na resolução de problemas fraturantes da sociedade e planeta, responder a necessidades negligencias e criar um mundo um pouco melhor.